sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

O CINEMA E AS MANIFESTAÇÕES POPULARES

Em época de Carnaval,vamos falar um pouco sobre Cinema como fonte de divulgação de manifestações da cultura popular de determinado país ou região.Muitos filmes valem-se destas manifestações regionais para ilustrar uma história,situar e inserir o espectador em determinado contexto,ou tal acontecimento ser palco de uma ação determinante do enredo.Por exemplo,filmes passados no Oriente Médio ,ou retratando uma família de imigrantes daquele país,podem apresentar danças,festejos e costumes locais como parte da narrativa.Em “Lavoura Arcaica”,apresentam-se tais danças típicas de uma família libanesa que vive no interior de São Paulo;filmes passados no Nordeste retratam hábitos locais....

As manifestações religiosas,de fé de um povo,são constantemente utilizadas,o que não quer dizer que se trata de filmes de caráter doutrinário:servem apenas como referência de hábitos e costumes locais.Através dos filmes,podemos ficar conhecendo rituais judaicos,muçulmanos,o costume das carpideiras em enterros católicos do Nordeste brasileiro,etc. Tais manifestações religiosas rendem cenas emocionantes,mas são as festas populares que se apresentam plasticamente belas em uma película.Voltemos ao Carnaval....Citemos como exemplo “Orfeu”,filme de Cacá Diegues,baseado na peça “Orfeu da Conceição”,de Vinícius de Moraes,que por sua vez,inspirou-se na mitologia grega,o amor entre Orfeu e Eurídice.Na peça de Vinícius,que foi montada pela primeira vez em 1956,durante o Carnaval, Orfeu, condutor de bonde e sambista que mora no morro, apaixona-se por Eurídice, uma jovem do interior que vem para o Rio de Janeiro. Ela está fugindo de um estranho fantasiado de Morte.

Como no drama grego, o amor dos dois desperta o ciúme de Mira, ex-noiva de Orfeu.O poeta teve essa inspiração, a idéia de um Orfeu sambista de grande beleza interior, em busca de sua Eurídice, desejado pelas mulheres e invejado pelos homens, enquanto lia a peça grega,ao som da batucada vinda do morro,no Rio de Janeiro.A peça ganhou duas adaptações para o Cinema:“Orfeu”:é a versão de Cacá Diegues,de 1999,com Patrícia França e o músico Toni Garrido,onde Orfeu é um popular compositor de uma escola de samba,residente na favela, e que se apaixona perdidamente por Eurídice, uma nova moradora do local. Mas entre eles existe Lucinho, chefe do tráfico, que irá modificar drasticamente a vida de ambos.Teve cenas rodadas na Marquês de Sapucaí,durante o desfile das escolas de samba de 1998.Ganhou os prêmios de Melhor Filme, Melhor Fotografia e Melhor Trilha Sonora, no Grande Prêmio Cinema Brasil. Foi ainda indicado nas categorias Melhor Ator (Murilo Benício),Melhor Diretor, Melhor Lançamento e Melhor Montagem.“Orfeu do Carnaval”:versão anterior,de 1958, uma produção franco-italiana.Curiosidade: produtor do filme, Sacha Gordine, exigiu que a partitura original da peça incluísse canções inéditas. Surgiram O nosso Amor, de Tom Jobim; Felicidade, de Vinícius e Tom; Manhã de Carnaval, de Luís Bonfá; Samba de Orfeu, de Bonfá e Antônio Maria. A direção do francês Marcel Camus conquistou a Palma de Ouro no Festival de Cannes de 1959 e o Oscar daquele ano como melhor filme estrangeiro.

Saindo do Brasil,o Mardi Gras(nossa terça-feira de Carnaval) e os bailes de máscara de Veneza também renderam belas cenas.Como exemplo,citemos “Noites de Mardi Grãs”,musical de 1958,com Pat Boone; e “Casanova”,de Lasse Hallstrom,de 2005.

Também os esportes podem ser citados como formas de manifestações populares constantemente retratadas nos filmes.O Cinema americano está repleto de exemplos:cenas de jogos de basquete nas ruas de Nova York;histórias que retratam astros e jogos de baseball(como o “Campo dos Sonhos”);entre outros.No Cinema Nacional,o futebol fez parte de muitos filmes...”O ano em que meus pais saíram de férias”,de 2006,retrata a Copa do Mundo de 1970,por exemplo.Concluindo,o Cinema,além de beber em fontes literárias e intelectuais,pode e deve valer-se de manifestações populares,e levá-las ao conhecimento de outros.Além disso,serve como registro de tais manifestações.

GRANDES DIRETORES


Como já dissemos,quando se pensa em Cinema de autor e num diretor/roteirista/ator que revolucionou a linguagem cinematográfica tradicional,não podemos esquecer de Quentin Tarantino,nascido a 27 de março de 1963,em Knoxville, Tennessee.Segundo consta,foi seu trabalho como gerente de uma vídeo-locadora e seu acesso fácil à milhares de filmes que o torno um dos diretores mais criativos de sua geração.

Inicou sua carreira fazendo pontas em diversos filmes,como “A Hora dos mortos vivos “ e “Rei Lear”,mas isso não passa de lenda,que ajudou a enriquecer seu currículo.Mas atuou em diversas séries de TV,ao mesmo tempo em que freqüentava o Curso de Direção do Sundance Institute.Antes de estrear como diretor, uma das formas de captar recursos para seu tão sonhado filme de estréia foi vender dois roteiros seus: Amor à Queima-Roupa (1993) e Assassinos por Natureza (1994).Finalmente,estreou na direção com uma produção independente, Cães de Aluguel (1992), que foi co-produzida pelo ator Harvey Keitel, figura constante em seus filmes. Logo em seguida, dirigiu seu maior sucesso até o momento, Pulp Fiction - Tempo de Violência (1994), que ressuscitou a carreira de John Travolta, deu novo impulso para Samuel L. Jackson e Uma Thurman e ainda rendeu a a Tarantino sua primeira indicação ao Oscar, como melhor diretor.

Foi também produtor executivo do filme Parceiros do Crime (1994), do então estreante Roger Avary, seu parceiro no roteiro de "Pulp Fiction", atuou em alguns filmes de destaque, como A Balada do Pistoleiro (1995) e Um Drink no Inferno (1996) e ainda dirigiu um dos episódios da comédia Grand Hotel (1995). Já em 1997, Tarantino volta a dirigir sozinho um longa-metragem, com Jackie Brown, adaptação de um famoso livro do escritor americano Elmore Leonard. Em sua curta carreira como cineasta, os filmes de Quentin Tarantino ficaram marcados por falar do submundo,mesclando sempre doses de humor e violência.“Cães de aluguel” e “Pulp Fiction” já entraram para a história do cinema,tornaram-se Cult,com seu roteiro não linear,imagens fortes e impactantes.

DAVID LYNCH

Outro exemplo de diretor contemporâneo que imprime sua personalidade nos filmes que realiza.Nascido a 20 de janeiro de 1946,em Missoula,Montana,esse diretor notabilizou-se por criar filmes,muitas vezes,com enredos bizarros,que fogem dos padrões habituais.Seus enredos desenvolvem-se ,em geral,em pequenas cidades do interior americano,cenário para o desfile de seus personagens surpreendentes.Costuma trabalhar com um elenco quase fixo: Kyle MacLachlan, Isabella Rossellini, Laura Dern, Jack Nance, Everett McGill, Dean Stockwell, Brad Dourif, Sherilyn Fenn e Sheryl Lee,em geral,fazem parte de seus filmes.Já foi indicado ao Oscar,ao Globo de Ouro,e ao Cesar francês,entre outros prêmios...Ganhou a Palma de Ouro em Cannes por “Coração Selvagem”(1990), e o prêmio de melhor diretor por este mesmo festival,com “Mulholland Drive”(2001) .
Seus filmes mais marcantes,além dos dois citados acima,são “O homem elefante” e “Veludo Azul”.A cena da orelha humana,em close,neste último,é antológica...

WIM WENDERS

Nascido Ernst Wilhelm Wenders,em Dusseldorf,Alemanha,a 14 de agosto de 1946,este diretor teve seu auge nos anos 80. Ganhou diversos prêmios durante sua carreira.Alguns de seus filmes,como o documentário “Buena Vista Social Club”(1999),sobre a banda cubana de mesmo nome,ou “Paris,Texas”(1984),um Road movie ,filmado nos Estados Unidos,podem ser citados como obras marcantes de sua filmografia.Mas um dos mais comoventes é “Asas do Desejo”(1987),belíssima fábula sobre dois anjos que descem à terra,e um deles se rende ao amor por uma jovem trapezista.

A seguir,falemos um pouco sobre grandes diretores autorais do passado...

ORSON WELLES

Nascido George Orson Welles,em Kenosha,Wisconsin,em 6 de maio de 1915,faleceu em 10 de outubro de 1985.Diretor polêmico,recebeu várias indicações ao Oscar por seu mais célebre filme,”Cidadão Kane”(1941),no qual também atuou e escreveu o roteiro original.Possui vasta filmografia,destacando-se,ainda,”A marca da maldade”(1958) e “Soberba”(1942).Um dos episódios mais célebres de sua carreira,no entanto,não está ligado ao cinema. Em 30 de outubro de 1938, levou ao ar uma versão radiofônica de "Guerra dos Mundos", de H.G. Wells.O programa fora realizado no formato de boletins de notícias que interrompiam um programa musical, incluindo entrevistas com supostas testemunhas da invasão marciana à Terra. O programa gerou pânico nos Estados Unidos, com muitos ouvintes acreditando que os eventos narrados eram realmente verídicos. No dia seguinte Welles divulgou um pedido de desculpas pelo ocorrido mas, devido ao grande número de processos que a CBS teve que enfrentar por causa do programa, Welles e toda sua equipe foram demitidos da estação de rádio em que trabalhavam.Apesar de sua reputação como ator e diretor, manteve durante muito tempo sua licença junto a Magician's Union, além de praticar periodicamente mágicas. De acordo com Welles, assim ele poderia seguir adiante em uma carreira caso fosse impedido de seguir trabalhando no cinema.É cultuado até hoje,influenciando jovens diretores e roteiristas,e deixou sua marca pessoal em todos os trabalhos que realizou.

Em breve,voltaremos a falar sobre esse assunto!

Nenhum comentário:

Postar um comentário