segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Cinema Nacional,do Cinema Novo até Hoje!...

Nos anos 50, por influência do neo-realismo italiano, surge no Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador um movimento para afastar o Cinema Nacional dos moldes dos filmes produzidos em Hollywood, vigente até então. É uma busca do Realismo brasileiro.Nelson Pereira dos Santos, com “Rio 40 graus”,Roberto Santos,com “O grande momento” e Glauber Rocha com “Barravento” marcam o início desse movimento.
Uma parcela (pequena, mas significativa) da juventude brasileira descobre este novo cinema, comprometido com a transformação do país. Em 1963, o movimento é deflagrado definitivamente por 3 filmes: "Os Fuzis", de Ruy Guerra, "Deus e o diabo na terra do sol", de Glauber Rocha; e "Vidas secas", de Nelson Pereira dos Santos. Em todos eles, é mostrado um Brasil desconhecido, com muitos conflitos políticos e sociais. Uma mistura original de Neo-realismo (por seus temas e forma de produção) com Nouvelle vague (por suas rupturas de linguagem). É Glauber quem define os instrumentos do cinema novo: "uma câmara na mão e uma idéia na cabeça", e também o seu objetivo: a construção de uma "estética da fome".
Após o golpe militar de 31 de março de 1964, os cineastas (e o país) se interrogam sobre o futuro e sobre as suas próprias atitudes de classe.Mas a Ditadura Militar censura a mídia e as diversões públicas. A perseguição às oposições, a restrição da atividade sindical e a prática de tortura nas prisões criam um clima de medo que se reflete em toda a cultura do país.O cinema, então,se volta para o passado,para uma projeção alegórica do real.Um exemplo é “Macunaíma”(1969),de Joaquim Pedro de Andrade.Para se contrapor à Ditadura,surge o Cinema marginal,a estética do lixo,filmes de baixíssimo orçamento,baseados no que há de pior nos filmes B americanos.
Enquanto isso,o governo cria a Embrafilme para interferir no cinema nacional.O Estado passa a financiar a produção, enquanto o Conselho Nacional de Cinema (Concine) se preocupa com a legislação. Parte do lucro das distribuidoras de filmes estrangeiros no Brasil é taxado , e esse dinheiro é usado para produzir filmes nacionais , mas o sistema de escolha dos filmes a serem produzidos é absolutamente centralizado. Os cineastas oriundos do Cinema novo (quase todos cariocas ou morando no Rio de Janeiro) ficam com a maior parte dos recursos.Há a obrigatoriedade das salas de cinema exibirem a produção nacional.Filmes que não atendem às temáticas aceitas pela Ditadura são censurados.Nos anos 70, o cinema nacional é visto por um grande público, graças às produções da Embrafilme de um lado e às produções baratas,de outro(pornochanchada;filmes infantis e com atores televisivos): a participação dos filmes brasileiros no mercado cresce de 14% dos ingressos vendidos em 1971 para 35% em 1982.
Porém,nos anos 80, a crise econômica do país faz com que falte dinheiro para que o público possa ir ao cinema e para que se realizem filmes. A produção volta a cair. Os exibidores (donos de cinemas), assessorados pelos distribuidores estrangeiros, começam uma batalha judicial contra a lei da obrigatoriedade, e em muitas salas simplesmente param de passar filmes brasileiros. Metade dos filmes produzidos em 1985 foi de sexo explícito.Como já comentamos aqui,a Era Collor marca a derrocada do cinema nacional:as leis de incentivo à produção, a regulamentação do mercado e até mesmo os órgãos encarregados de “cuidar” o cinema no Brasil são extintos.A retomada se dá nos anos 90,com a criação da Lei do Audiovisual,incentivos fiscais e uma cultura de mercado,que leva o cinema nacional de volta ao mercado mundial.Para complementar essas informações,consulte o post “Cinema Nacional:Crescimento e Perspectivas”.Mais tarde,discutiremos aqui a produção nacional contemporânea.

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