segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Primórdios do Cinema Nacional

ADAPTAÇÕES LITERÁRIAS
A partir de 1911, chegam a São Paulo imigrantes italianos que acabariam tomando conta do mercado nos próximos 30 anos: Gilberto Rossi, João Stamato, Arturo Carrari. O ator italiano Vittorio Capellaro associa-se ao cinegrafista Antônio Campos e juntos filmam os longas "Inocência" (1915), a partir do romance de Taunay e "O Guarani" (1916), baseado em José de Alencar. No Rio, Luiz de Barros, que viria a realizar mais de 60 longas-metragens até os anos 70, também começa por José de Alencar: "A Viuvinha" (1915), "Iracema" (1918) e "Ubirajara" (1919). Mais tarde, uma nova versão de "O Guarani" (1926), de Capellaro, será exceção na década: um filme brasileiro de sucesso.

Cavação
A partir de 1916, os "naturais" se organizam em cinejornais, produzidos e exibidos semanalmente, mantendo o pessoal de cinema em atividade com filmagens de futebol, carnaval, festas, estradas, inaugurações, fábricas, políticos, empresários, etc. Muitas pautas eram claramente encomendadas, misturando jornalismo e propaganda. Daí o termo pejorativo "cavação", ou picaretagem.
Até 1935, existiram 51 cine-jornais no país, alguns de vida curta; mas o Rossi Atualidades teve 227 edições em 10 anos (1921-31), financiando a produção dos filmes de ficção dirigidos por José Medina e fotografados por Gilberto Rossi, como "Exemplo regenerador" (1919), "Perversidade" (1920) e a obra-prima do cinema mudo brasileiro "Fragmentos da vida" (1929). O Canal 100 e os cine-jornais de Primo Carbonari e Jean Manzon são um prolongamento do período da cavação, sendo mostrados nos cinemas até o final dos anos 70, quando desistem de competir com a instantaneidade dos telejornais.

Invasão
Já em 1911, empresários norte-americanos visitaram o Rio de Janeiro para sondar o mercado cinematográfico brasileiro, e logo abriram o Cinema Avenida para exibir exclusivamente filmes da Vitagraph. Com a Primeira Guerra Mundial, a produção européia se enfraquece, e os EUA passam a dominar o mercado mundial. Francisco Serrador cria a primeira grande rede de exibição nacional (salas em São Paulo, Rio de Janeiro, Niterói, Belo Horizonte e Juiz de Fora), desiste de produzir e torna-se distribuidor de filmes estrangeiros.
Os filmes brasileiros passam a ter dificuldades de exibição, o que leva a uma queda de produção violenta. Surgem as revistas especializadas em cinema e começam a difundir-se os mitos e estrelas de Hollywood. A partir dos anos 1930, diversos acordos comerciais estabelecem que os filmes norte-americanos passam a entrar no Brasil isentos de taxas alfandegárias.

Ciclos regionais
Fora do eixo Rio-São Paulo, o cinema brasileiro produziu uma série de ciclos de pequena duração, todos com histórias parecidas: entusiasmo inicial, realizações precárias, algum sucesso local, dificuldades num mercado dominado pelo produto estrangeiro, final prematuro.
Em Pelotas, Francisco Santos realiza "O Crime dos banhados" (1914), provavelmente o primeiro longa brasileiro, e ainda o curta "Os Óculos do vovô" (1913), do qual resta hoje o fragmento mais antigo de filme brasileiro de ficção.
O ciclo mais importante é o de Recife (1923-31), onde Edson Chagas, Gentil Roiz e outros realizam 12 longas e 25 curtas, inclusive "Aitaré da praia" (1925), que chegou a ser exibido no Rio.
Em Porto Alegre (1925-33), Eduardo Abelin, José Picoral e outros realizam 6 filmes de ficção (3 curtas e 3 longas).
Do ciclo de Cataguases (Minas Gerais) destaca-se Humberto Mauro, autor de longas como "Brasa Dormida" (1928) e "Sangue Mineiro" (1929), que o colocam na vanguarda do cinema brasileiro de então.
Neste período, registram-se ciclos regionais também em Belo Horizonte, Campinas, João Pessoa Manaus e Curitiba.

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